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Arquitetos: Angela Castilho Arquitetura e Interiores
- Área: 70 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Edgard Cesar

Descrição enviada pela equipe de projeto. Implantada no local que antes abrigava a antiga baia dos pôneis, a capela foi concebida como um espaço de introspecção, recolhimento e conexão espiritual. A escolha do local partiu do desejo de ressignificar esse trecho do lote, aproveitando uma pré-existência construída entre um bambuzal, elemento natural que passou a compor a essência da nova arquitetura.

A decisão de preservar a vegetação original e incorporar parte da estrutura existente guiou as principais escolhas de implantação, volumetria e luz. A capela foi posicionada ao fundo do jardim, moldada cuidadosamente entre a paisagem. A natureza foi mantida e tem papel central na composição: a arquitetura se encaixa com leveza no entorno, e as aberturas internas criam quadros vivos a partir do bambuzal, permitindo que a experiência seja, antes de tudo, sensorial.

A geometria da capela é composta por volumes sólidos brancos, com linhas retas e sem ornamentos — apenas o essencial. A simplicidade formal é uma escolha estética e conceitual alinhada à filosofia Wabi-Sabi que orienta os projetos do escritório. A obra valoriza o imperfeito e o impermanente, incorporando uma beleza silenciosa e natural à sua materialidade e proporções. A ausência de excessos torna o espaço ainda mais simbólico, onde cada vazio tem função e significado.

O uso da iluminação natural também desempenha papel central no projeto. A cobertura e as aberturas foram desenhadas para captar a luz do entorno e permitir a entrada de feixes filtrados que se transformam ao longo do dia e das estações. A intenção era que esses efeitos envolvessem o visitante em uma atmosfera silenciosa e contemplativa, contribuindo para uma experiência imersiva e espiritual. O espaço convida à pausa, ao despojamento. É uma arquitetura que não busca a ostentação, mas a pureza.

No interior, destaca-se uma imagem de Cristo que ocupa o ponto focal do espaço. Proveniente da antiga residência da arquiteta, a peça ganhou ali novo protagonismo. A capela foi pensada justamente como um lugar em que essa imagem pudesse ser ressignificada, acolhida em um ambiente à altura de seu simbolismo.


Com capacidade para aproximadamente 40 pessoas, o espaço preserva uma escala intimista. A inspiração na simbologia da manjedoura não se apresenta de forma literal, mas se traduz na transformação da baia dos pôneis em uma capela, na escolha por materiais naturais, na delicadeza dos detalhes e na busca por uma espiritualidade despojada. É uma arquitetura que convida cada visitante a abrir um diálogo interior com o sagrado.









